domingo, 16 de março de 2014

Reunião da Unasul em Santiago



A reunião de chanceleres dos países membros da Unasul realizada
nesta quarta-feira (12) foi mais uma demonstração de que um novo tipo de
relacionamento está consolidando-se entre os países da América Latina,
prevalecendo o respeito mútuo, a defesa da soberania, o diálogo entre
iguais e a rejeição às fórmulas intervencionistas do passado que seguiam
os padrões impostos pelo imperialismo estadunidense e seu
pan-americanismo inspirado na Doutrina Monroe.

 Portal Vermelho




***  2.2 A PREDOMINÂNCIA DA DOUTRINA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA

AMÉRICA

Durante os séculos XIX e XX, as doutrinas que prevaleceram no continente americano

no desenvolvimento das relações internacionais marcaram de forma significativas as ações

diplomáticas para o presente.

1

O Acordo de Petrópolis sobre ação do Barão do Rio Branco que interviu via Inglaterra para cortar o

financiamento pretendido pelo “Bolivian Sindycate de Nova York” e demonstrou a pretensão de guerra por

parte do governo brasileiro esses duas intenções convergiram para consagração do acordo, sobretudo, o corte do

financiamento com La Paz, a partir compensação de 110 mil libras esterlinas repassadas ao “Bolivian Sindycate

New York” para desistir ao apoio a La Paz, reduziram o ímpeto pela região por parte dos bolivianos somado

ao deslocamento de forças armadas do Mato Grosso e do Amazonas em direção a fronteiras com a Bolívia

resultando na assinatura do Acordo.

O pensamento diplomático no período evidenciou o unilateralismo e buscou de forma

própria sintetizar os ideários do pan-americanismo2

sentido, Diniz (2012, p. 63) aponta que da síntese dessas duas doutrinas surge uma terceira

denominada doutrina Andrada compreendida na vital importância da mentalidade épica de

um destino em comum e a política centrada na união dos países sul-americanos de forma

independente na América.

O pan-americanismo latino agrega à compreensão da solidariedade latino-americana

adjunta à luta pela independência na América hispânica, com a ideia de anfictiônica4

um governo supranacional da sociedade hispano-americana surgido no Tratado do Panamá

e tendo como seu principal referente Simon Bolívar em sintonia para a integração política e

econômica do continente com os aparatos criados no congresso do Panamá em 1826, para

Diniz (2012, p. 63), em dicotomia há intenção da doutrina Monroe em 1823, suas raízes são

advindas da Guerra de Secessão5

interestatal estadunidense que à época buscava a distinção da Europa absolutista e

expansionista.

À margem e influenciada pelas ideias de independência e separatismo vindos da

América espanhola, e por outro lado, dos Estados Unidos, a diplomacia brasileira respondeu

mantendo elementos dos dois ideários. É possível ver o surgimento de um americanismo

refletido na diplomacia do Brasil o conteúdo da Doutrina Andrada como aponta Diniz

(2012, p. 63). Para o autor essa matriz diplomática é fundada nos aspectos “Nosso destino” e

“União” centrado na política e nos componentes histórico e geográfico.

e o monroeismo estadunidense3

e portadora do sentimento sistêmico de relacionamento

2

O Pan-americanismo foi ideário de integração cooperativa entre as recentes nações independentes da América

espanhola tendo à frente o Simón Bolívar (1783-1830), fato marcante foi o encontro no Panamá em 1826, onde

reuniu as nações sul-americanas independentes com conteúdos avançados porém idealizado pelo sentimento

de emancipação, foram firmados o tratado de União e a Liga e a Confederação Perpetua, contudo as diferenças

entre nascentes repúblicas tornaram impossível a continuação do ideário. A tentativa de produzir novos

encontros Peru, Chile, Venezuela e Uruguai esbarraram novamente nos conflitos latinos proporcionando a

consolidação do pensamento estadunidense de integração sobre o controle do mesmo.

3

O monroeismo estadunidense traduziu na frase de James Monroe “America para os americanos”, defendia

uma espécie de integracionismo de todas as nações americanas sobre o controle dos Estados Unidos, e, em

1890, definitivamente consolidou-se a partir de “New York”, o pensamento reinante como é compreendido um

conjunto de políticas de incentivo a integração dos países americanos, dentro do campo hegemônico dos Estados

Unidos.

4

Em junho de 1824, Simon Bolívar convocar o congresso Anfictiônico para Panamá para 1826, com intuito

de reflexão acerca dos assuntos pertinentes às recentes repúblicas na America latina e rumo à união pretendida

sobre os aspectos de independência política, integridade territorial e o sistema de conciliação entres Estados

participantes, representado na figura de Simón Bolívar um alto grau de unidade de aliança e paz.

5

A Guerra de Secessão constituiu-se no conflito interno nos Estados Unidos oriundos do norte contra o sul

entre 1861 a 1865. Os estados do norte foram vencedores e impuseram o fim da escravidão, a perda posições

políticas, por outro lado, de imediato os estados do sul se viram em meio à crise, que logo em seguida, ocorreu

uma expansão do modo de produção capitalista pretendida pelos estados do norte.

Sua avançada formulação colocava como prioridade da política externa

a superação da vulnerabilidade externa, que se expressava pela defesa

da unidade territorial e a busca de maior autonomia decisória do Estado

Brasileiro em relação dos centros de poder, distanciando-se do paradigma

das disputas ibéricas, que pautava as tensões entre as Américas hispânica

e portuguesa. De igual modo, a política externa era vista como fonte

de superação das disparidades internas, sendo por isso uma via para o

desenvolvimento nacional (DINIZ, 2012, p. 64).

*** - Intervalo extraido do TCC ASSIMETRIAS ENTRE FORÇAS ARMADAS E DIPLOMACIA NA AMAZÔNIA de autoria de Augusto Cleybe Ribon defendido na FACS/IFCH/UFPA 2013   

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