quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Putin prevê acordo de paz na Ucrânia até sexta e pede apoio de rebeldes

Voluntários treinam com forças ucranianas (foto: Reuters)

Proposta de cessar-fogo de Putin deve ser discutida por ucranianos e rebeldes
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira esperar que um cessar-fogo seja estabelecido entre forças do governo ucraniano e rebeldes pró-Rússia até a sexta-feira.
Em declarações durante uma visita à Mongólia, Putin pediu que os rebeldes colaborem e suspendam seu avanço militar no leste ucraniano. Por outro lado, ele também pediu que forças do governo de Kiev se retirem da área.
O líder russo propôs um plano com sete pontos (veja tabela abaixo) para chegar ao cessar-fogo que teria sido apoiado pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko. Os dois conversaram por telefone.
"Nossas visões sobre como resolver o conflito, assim me parece, são muito próximas", disse Putin.
A proposta deverá ser discutida na sexta-feira em uma reunião em Minsk, capital de Belarus, entre representantes da Rússia, dos rebeldes e da Ucrânia.

Pressão

A divulgação da proposta ocorre em um momento em que a Rússia é pressionada pela União Europeia, que discute a adoção de novas sanções contra o país, e após a decisão da França de suspender da venda de um navio de guerra a Moscou.
Segundo o correspondente da BBC em Moscou Oleg Boldyrev, se aprovado, o plano de Putin deve ser desfavorável à Ucrânia na medida em que consolidará as posições de separatistas pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Luhansk.
Há algumas semanas as discussões sobre um possível cessar-fogo tinham como ponto principal a saída dos rebeldes dessas regiões.
Cerca de 2,6 mil pessoas foram mortas e mais de 1 milhão foram deslocadas de suas regiões desde que o conflito começou, em abril.

O plano de Putin para chegar a um cessar-fogo na Ucrânia

  • Forças do governo e rebeldes devem interromper "operações de ação ofensiva";
  • Militares ucranianos devem se retirar para áreas a partir de onde não possam bombardear áreas com população;
  • Monitoramento internacional do cessar-fogo;
  • Suspender o uso de aviação militar contra civis;
  • Troca incondicional de prisioneiros;
  • Estabelecimento de um corredor humanitário para a retirada de refugiados e entrega de ajuda;
  • Reconstrução de infraestrutura destruída.
Logo após a divulgação do plano de Putin, autoridades russas afirmaram que ele não abre caminho para um cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia.
"Putin e Poroshenko realmente discutiram os passos que podem contribuir para um cessar-fogo entre a milícia e as forças ucranianas. A Rússia não pode fisicamente concordar com um cessar-fogo porque não faz parte do conflito", teria dito o secretário de imprensa de Putin, Dmitry Peskov, à agência de notícias RIA Novosti.
Apesar de Putin ter afirmado que o presidente ucraniano tem uma visão muito próxima à sua sobre um cessar-fogo, o premiê da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, rejeitou o plano e disse que ele é uma tentativa russa de iludir o Ocidente.
O premiê afirmou que, com essa ação Moscou, tenta confundir a comunidade internacional às vésperas da reunião de cúpula da Otan – que ocorrerá na quinta-feira no País de Gales – e no momento em que a União Europeia prepara uma nova onda de sanções.
"O melhor plano para acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia deve ter apenas um elemento: que a Rússia retire suas tropas, seus mercenários e seus terroristas do território ucraniano", afirmou Yatsenyuk.
Já os rebeldes pró-Rússia afirmaram que apoiam as propostas de Putin, mas não acreditam que o presidente da Ucrânia cumprirá o cessar-fogo.

Presidente russo Vladimir Putin (Foto: AP)
Plano de cessar-fogo é apresentado por Putin na véspera de cúpula da Otan
A caminho do País de Gales para a cúpula do Otan, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reiterou que há indícios “comprovados” de que tropas russas estão lutando em território ucraniano.
A afirmação foi feita durante um discurso em Tallinn, capital da Estónia, no qual Obama assegurou que a Otan protegerá todos os seus Estados-membros em caso de conflito.
O presidente americano disse que defender as capitais das repúblicas bálticas seria tão importante quanto proteger Paris, Berlim e Londres.
Ele afirmou que o cenário de uma Europa unida e pacífica está sendo ameaçado por uma tentativa de Moscou de alterar as fronteiras na região por meio das armas. Ele também incentivou os membros da aliança militar a sinalizar também seu apoio ao governo ucraniano.
A reunião de cúpula da Otan deve discutir na quinta-feira a criação de uma força militar de resposta rápida para proteger os países-membros contra uma eventual agressão russa.
Segundo o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, essa força teria tropas enviadas pelos Estados-membros em um sistema rotativo e poderia entrar em ação em 48 horas.
Para que ela possa entrar em funcionamento, a Otan deve armazenar armas e suprimentos em locais estratégicos nos territórios dos Estados-membros. A ideia é que esses recursos permitam que as tropas possam viajar rapidamente e atacar com força total se necessário.
Segundo a Otan, dessa forma seria possível proteger seus membros do leste europeu sem violar tratados que impedem o estabelecimento de bases permanentes tanto russas como da Otan na região.
Também nesta quinta-feira a Polônia revelou detalhes de exercícios militares liderados pelos Estados Unidos que envolverão tropas da Otan na região.
O Ministério da Defesa polonês afirmou que o exercício anual da Otan chamado "Rapid Trident 14" será realizado na Ucrânia – que não é membro da aliança.
A manobra envolverá centenas de militares de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Polônia, Alemanha e Lituânia.
A Rússia, por sua vez, também anunciou a realização de exercícios militares.

fonte: BBC

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