terça-feira, 29 de novembro de 2011

Plebiscito para divisão do Pará entra na reta final Martha San Juan França (mfranca@brasileconomico.com.br) | Colaborou Priscilla Arroyo 07/11/11 14:11

Plebiscito sobre criação de Carajás e Tapajós entra em nova fase com campanha na TV e rádio; resto do país segue de longe. Começam para valer na sexta-feira (11/11) as campanhas contra e a favor da proposta de divisão do Pará em até três estados, criando duas novas unidades da federação - Tapajós e Carajás -, além do Novo Pará. O plebiscito está marcado para o dia 11 de dezembro e a propaganda em rádio e televisão (só no estado) começa um mês antes. As frentes pró-Carajás e Tapajós terão 20 minutos diários de propaganda, mesmo tempo da frente contrária à divisão do estado. Até lá, apesar de contar apenas com comícios, cartazes e adesivos, os dois lados se movimentam para conquistar os eleitores. "A elite política e empresarial já tem opinião formada, mas o povão que decide não, afirma o deputado federal Giovanni Queiroz (PDT-PA), cotado para ser governador do novo estado de Carajás. "Quem for mais competente na campanha e tiver melhor argumentação leva." Defensor ardoroso da separação, Queiroz sabe que os municípios do "norte" vão decidir o resultado do plebiscito e é lá que a equipe da Frente Pró-Carajás e Pró-Tapajós está centrando forças. Nas cidades que farão parte dos novos estados, a quase totalidade dos moradores vota pela separação. A esperança é de dias melhores em lugares que se queixam de abandono pelo poder do estado, por estarem situados a centenas de quilômetros do centro de decisões de Belém. É o caso de Marabá, que seria a provável capital de Carajás. A cidade situada às margens da Transamazônica, é mais conhecida por ser a quarta mais violenta do país. No entanto, apesar de estagnada, violenta, sem saneamento, carente de hospitais ou escolas, Marabá responde por 6% da riqueza paraense. Riqueza e devastação Parte da riqueza do município vem da exploração de minério de Parauapebas, a maior mina do mundo, localizada a cerca de 200 quilômetros de Marabá. No ano passado, Parauapebas, Marabá e Canaã dos Carajás responderam por 80% de todo o CFEM (royalties de mineração) arrecadado no Pará. Outra parte se origina da intensa atividade agropecuária que, junto com as indústrias siderúrgicas locais, foi responsável pela devastação ambiental que acabou com a floresta que existia ali no passado. "O dinheiro que sai daqui não volta", diz o comerciante Marcelo Lins, que fez do seu estabelecimento um ‘QG' da causa separatista, distribuindo folhetos com os dizeres "Carajás Sim. Bom para Todos", muito utilizados pelos motoristas de táxis e motoqueiros que circulam pela cidade. Mas nem só de anônimos vive a campanha. O trunfo dos separatistas é a propaganda de rádio e TV, sob a batuta do publicitário Duda Mendonça, um bem-sucedido fazendeiro com duas propriedades na região de Carajás, que prometeu assumir a campanha a custo zero. Também o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Santa Bárbara, dono de grandes propriedades ali, teria interesse na separação. Do outro lado, os jogadores Ganso e Pará, do Santos, doaram camisas autografadas da equipe para ajudar na arrecadação de fundos contra a divisão. A tudo isso, o governador Simão Jatene (PSDB) promete neutralidade. "Para o governo, cabe à população, a quem o assunto de fato interessa, se posicionar sobre o tema, o que será feito nas urnas", diz Jatene em nota oficial. Isso não impediu, que ele exonerasse o deputado federal Zenaldo Coutinho da Casa Civil para assumir a liderança da união. "Vamos ganhar, mas se não der, esperamos a decisão do Congresso Nacional", diz Coutinho.

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